“Estou internada há três dias numa clínica psiquiátrica, há alguns minutos atrás eu chorava muito com saudades da minha pequena filha, mas para minha surpresa recebi uma visita diferente, que não está aqui para me cobrar uma melhora ou fazer julgamentos, mas que me aceita como eu sou, eu posso tocá-lo, abraçá-lo, beijar, tirar fotos, e eu, que chorava, agora estou sorrindo.” *este é um relato verídico*

Será que você consegue adivinhar de quem essa pessoa está falando?
Esse é papel do cão terapeuta, receber o paciente pronto para interagir de maneira gentil e amigável, seja pelo contato visual, proximidade física e disponibilidade para ser tocado. O cão terapeuta ou cão de terapia, realiza visitas em hospitais, clínicas psiquiátricas, residência de idosos, lares particulares e escolas etc.
Durante a Cinoterapia (visitas guiadas com cães), o animal é acompanhado pelo condutor, geralmente o tutor, e juntos realizam atividades lúdicas, prazerosas e agradáveis chamadas de Atividade Assistida. Quando trabalham sob a direção de um profissional da área de saúde chamamos de Terapia Assistida e o trabalho auxiliado por um profissional da área de educação, se chama Educação Assistida.
Para um cão ser apto para esse trabalho ele deve saber alguns comandos básico, como “senta”, “deita”, “fica”, “aqui”, andar educadamente com a guia, ser carinhoso, amigável e sociável com todas as pessoas, tolerar altos níveis de barulho, não apresentar comportamento agressivo com outros cães, ser calmo e obediente e tolerar muito bem o estresse. Devo dizer que esse cão não nasce pronto, é preciso um grande investimento em sua educação.
É importante dizer que o treino e socialização do cão terapeuta é diário e por toda a sua vida, para que ele possa estar sempre pronto para exercer a sua função e assim melhorar a qualidade de vida das pessoas que ele visita.
Além disso, a carteira de vacinação deve estar em dia bem como a saúde do animal. Ele deve ser submetido à avaliação do médico veterinário de seis em seis meses se mostrando apto para o trabalho mediante atestado de saúde.
A princípio, qualquer cão pode ser treinado para a Cinoterapia, porém, é interessante dar prioridade a raças que não cause medo ou estranheza para os pacientes, é por isso que Labradores e Golden Retrievers são a grande maioria entre os cães terapeutas. O cão terapeuta é selecionado por sua afinidade com as pessoas e por atenderem bem aos comandos usados durante as sessões.
A atenção ao bem-estar físico e psicológico do cão utilizado em trabalho “é um dever ético” e deve ser colocado sempre em primeiro lugar. Esse cão está sob responsabilidade do tutor humano e faz parte de um programa de trabalho. Ficando assim a mercê de nossa consciência e prontidão para cuidar deles. Uma forma ética, seria utilizar a empatia, colocando-nos temporariamente no lugar deles. Percebendo quando estamos esperando deles algo a que nós mesmos não nos submeteríamos voluntariamente, como autocontrole durante contato frequente e demorado com pessoas desconhecidas, que muitas vezes emitem sons estranhos, exalam cheiros desconhecidos ou desagradáveis, movem-se de forma imprevisível e nos apertam em abraços prolongados. E, ainda assim há cães que se mostram interessados e dispostos a participar desse trabalho. Então cabe ao tutor prover o ambiente e as condições necessárias para que eles continuem apreciando o trabalho, recebendo tantos benefícios desse contato quanto o parceiro humano. É muito importante ficar atento a duração das visitas que geralmente giram em torno de 30 a 40 minutos, excedendo esse tempo ou quando necessário, introduzir intervalos de até 15 minutos para cuidar das suas necessidades o que inclui descanso.

Os benefícios dentro da área de saúde, educação e atividades lúdicas, são muitos, citando aqui alguns deles: